quarta-feira, 19 de maio de 2010

Revista KLAXON (Denise M.)

A KLAXON - Mensário de Arte Moderna - foi a primeira revista Modernista do Brasil e começou a circular logo após a realização da Semana de Arte Moderna. O primeiro, dos seus nove números, foi publicado em 15 de maio de 1922 e o último, (edição dupla, de números 8 e 9) em janeiro de 1923.

A palavra Klaxon, segundo o Dicionário Aurélio, é de origem inglesa e seu significado é "Buzina de Automóvel". Por isso e por estar sempre aberta à experimentação, pode-se dizer que a Klaxon anunciava, de forma barulhenta, as novidades do mundo moderno.

"É uma buzina literária, fonfonando, nas avenidas ruidosas da Arte Nova, o advento da falange galharda dos vanguardistas". Menotti del Picchia

A revista Klaxon inovou em vários sentidos:

Sua organização era muito diferente da dos jornais e revistas da época, pois não tinha diretor, redator-chefe, secretário etc. Ela era uma espécie de órgão coletivo, onde todos participam das diversas fases da sua produção;

O seu projeto gráfico era inovador;

Conteúdo bem diversificado. Nela eram publicados artigos e poemas de autores nacionais como Manuel Bandeira e Sérgio Milliet e também de autores franceses, italianos e espanhóis, todos em suas línguas originais.
Além disso, também eram publicados ensaios, crônicas, críticas de arte, piadas, gravuras e anúncios sérios como os da "Lacta", que contrastavam com anúncios satíricos como os da "Panthosopho, e Pateromnium & Cia", uma empresa que fabricava sonetos.
É óbvio que fabricar sonetos só pode ser uma sátira direta aos poetas Parnasianos. Afinal eram eles que cultivavam uma poesia de notável perfeição formal. Essa obsessão pela forma era tanta, e para os Modernistas, uma coisa tão absurda, que eles comparavam os poemas Parnasianos a objetos produzidos por uma fábrica, ou seja, todos iguais.




Os principais colaboradores da Klaxon foram:
Guilherme de Almeida, Mário de Andrade e Oswald de Andrade, Rubens Borba de Moraes, Luís Aranha, Sérgio Milliet. A revista também tinha correspondentes no Rio de Janeiro (Sérgio Buarque de Holanda), Suíça, França e Bélgica.

O edital do primeiro número da revista Klaxon, assinado por vários colaboradores, afirmava os caminhos que os modernistas pretendiam seguir. Para ter acesso versão integral, clique aqui.

"Klaxon sabe que a vida existe. E, aconselhado por Pascal, visa o presente. Klaxon não se preocupará de ser novo, mas de ser atual. Essa é a grande lei da novidade.
(...)
Klaxon sabe que o progresso existe. Por isso, sem renegar o passado, caminha para adiante, sempre, sempre. (...)
Klaxon não é exclusivista. Apesar disso jamais publicará inéditos maus de bons escritores já mortos.
Klaxon não é futurista.
Klaxon é Klaxista.
(...)
Klaxon cogita principalmente de arte. Mas quer representar a época de 1920 em diante. Por isso é polimorfo, onipresente, inquieto, cômico, irritante, contraditório, invejado, insultado, feliz."

A revista Klaxon sobrevivia sem receber qualquer espécie de auxílio concedido pelos poderes públicos e sem a venda de assinaturas. O principal motivo da sua desativação foi o fato de a revista não mais fascinar nem divertir seus componentes.

Um comentário:

  1. Ótimo, ótimo...
    Precisa divulgar mais esse Blog.
    Congratulações.
    Abraço e:
    "ESTEJA E SEJA E FIQUE FELIZ!"

    Luiz de Almeida & blog Retalhos do Modernismo
    - http://literalmeida.blogspot.com

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