segunda-feira, 19 de julho de 2010

Leonilson - GERAÇÃO DE 80

por Hadna Abreu

Nascido em Fortaleza, Ceará, em primeiro de março de 1957, e falecido em 28 de maio de 1993, em São Paulo, Leonilson é um dos mais destacados artistas de sua geração. Tendo participado de bienais em Paris, São Paulo e Istambul, já teve mostra no MoMA, de Nova York, além de várias outras instituções e galerias internacionais e nacionais, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte.



O artista já teve dois livros publicados: "Leonilson: são tantas as verdades", editado pelo SESI, e "Leonilson: use, é lindo, eu garanto", com ilustrações que o artista realizou para a Folha de S.Paulo. Leonilson também é tema de um premiado vídeo de Karen Harley, realizado pela RioArte: "Leonilson: Com o oceano inteiro para nadar".





A produção do artista, tido como expoente emblemático da chamada "Geração 80", se estende sobre um curto período (de 1983 a 1993), mas consegue mesmo assim merecer o atributo de "obra fechada". De fato, esta carreira, interrompida em decorrência da Aids, afirma um conteúdo unívoco. Símbolos recorrentes caracterizam a linguagem do artista: pedras, vulcões, montanhas, intrumentos musicais, o fogo e a cruz, órgãos, água, espiral e pontos cardeais. Estes somam-se ao uso da palavra (em composições de valor gráfico e poético) para singularizar o universo de Leonilson.

Aclamado por suas pinturas de forte colorido e grandes formatos, Leonilson foi, contudo, exímio desenhista, lançando mão de espaços reduzidos e de uma economia de traços e de cores. O artista exerceu esta atividade de forma constante, mas o mercado, no seu habitual desinteresse pela produção sobre papel, não soube levar ao público.

Leonilson deixou também cerca de 100 "bordados" (objetos de panos costurados, com inscrições pungentes sobre a questão da incomunicabilidade, da solidão e da doença) e inúmeros projetos para instalações.

No contexto brasileiro, nenhum artista de sua geração teve a coragem de enfrentar temas referentes ao romantismo em pleno final do século 20. Por conseguinte, o testemunho de Leonilson, carregado de significados autobiográficos, é uma contribuição que transcende meras discussões formais para expor os problemas da modulação existencial do espírito de seu tempo.

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