domingo, 25 de julho de 2010

Carvalho, Bruno de (1978)

Bruno Pacheco de Carvalho (Rio de Janeiro RJ 1978). Videoartista, jornalista e editor. É formado em comunicação social pela PUC/RJ, Rio de Janeiro. Freqüenta, entre 1995 e 2000, cursos teóricos de pintura, videoarte e videoinstalação, na EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, com os professores Adriana Varella, Suzi Coralli, Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale. Realiza vídeos e videoinstalações nas quais o espectador, investido de sua realidade corpórea, percebe-se em um espaço em que disputa ou confronta-se com a imagem copiada. Submetendo o espectador a estímulos sensoriais além do sentido da visão, inverte a direção da sensibilidade contemporânea, na qual o acesso à informação se dá quase exclusivamente pelo olho, e o corpo fica anestesiado ou se torna obsoleto em um universo tecnológico saturado de imagens. Apresenta a videoinstalação e o texto 2HS, em parceria com Julio Rodrigues, no 14th International Congress of Aesthetics - Aesthetics as Philosophy, Eslovênia, 1998.

Post By: Bráulio Menezes



Oiticica, Hélio (1937 - 1980)

Biografia
Hélio Oiticica (Rio de Janeiro RJ 1937 - idem 1980). Artista performático, pintor e escultor. Inicia, com o irmão César Oiticica, estudos de pintura e desenho com Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, em 1954. Nesse ano, escreve seu primeiro texto sobre artes plásticas; a partir daí o registro escrito de reflexões sobre arte e sua produção torna-se um hábito. Participa do Grupo Frente em 1955 e 1956 e, em 1959, passa a integrar o Grupo Neoconcreto. Abandona os trabalhos bidimensionais e cria relevos espaciais, bólides, capas, estandartes, tendas e penetráveis. Em 1964, começa a fazer as chamadas Manifestações Ambientais. Na abertura da mostra Opinião 65, no MAM/RJ, protesta quando seus amigos integrantes da escola de samba Mangueira são impedidos de entrar, e é expulso do museu. Realiza, então, uma manifestação coletiva em frente ao museu, na qual os Parangolés são vestidos pelos amigos sambistas. Participa das mostras Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, apresentando, nesta última, a manifestação ambiental Tropicália. Em 1968, realiza no Aterro do Flamengo a manifestação coletiva Apocalipopótese, da qual fazem parte seus Parangolés e os Ovos, de Lygia Pape. Em 1969, realiza na Whitechapel Gallery, em Londres, o que chama de Whitechapel Experience, apresentando o projeto Éden. Vive em Nova York na maior parte da década de 1970, período no qual é bolsista da Fundação Guggenheim e participa da mostra Information, no Museum of Modern Art - MoMA. Retorna ao Brasil em 1978. Após seu falecimento, é criado, em 1981, no Rio de Janeiro o Projeto Hélio Oiticica, destinado a preservar, analisar e divulgar sua obra, dirigido por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Waly Salomão. Entre 1992 e 1997, o Projeto HO realiza grande mostra retrospectiva, que é apresentada nas cidades de Roterdã, Paris, Barcelona, Lisboa, Mineápolis e Rio de Janeiro. Em 1996, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro funda o Centro de Artes Hélio Oiticica, para abrigar todo o acervo do artista e colocá-lo à disposição do público. Em 2009 um incêndio na residência de César Oiticica, destrói parte do acervo de Hélio Oiticica.

Post By: Bráulio Menezes


Alex Flemming Geração 80
Como afirma Tereza de Arruda ao comentar a antologia da obra de Flemming ocurrida em 2001, no Centro Cultural do Banco do Brasil: “A vida há de ser celebrada, bem como a morte, pois ambas seguem lado a lado”. Este é o mote da criação de Flemming que sempre homenageia a vida, mas sem nunca esquecer que a morte é o germe da vida.
Filho de um aviador e de aeromoça, mesmo nascido em São Paulo, sua formação é universalista, pois passou a infância viajando pelo mundo, entre tais andanças morou na Flórida e em Lisboa. Formado em cinema pela Fundação Armando Álvares Penteado (1972-1974), Alex Flemming surgiu no meio artístico nos anos 70, no campo das gravuras sobre o cotidiano e contestação sócio-política.Até então, teve como influência os professores-artistas da FAAP Rodomildo Paiva, Regina Silveira e Júlio Plaza. Percebe-se, desde já, que o humano é a razão de ser da obra de Flemming. O artista dedica toda a sua pesquisa a conflitos sociais e paixões humanas. Iniciou intensa dedicação a pintura a partir de 1981, quando ganhou bolsa de estudos da Fundação Fullbright e cursou o Pratt Institute de Nova Iorque. Atuou como professor da Kunstakademie de Oslo, Noruega, entre 1993 e 1994. Expôs no Brasil e exterior, destacando-se nos XII (1980), XIV (1983), XV (1984) e XX (1989) Panoramas de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna, MAM/SP; e nas XVI (1981), XVII (1983) e XXI (1991) Bienais Internacionais de São Paulo. Atualmente, mora em Berlim, na Alemanha, mas viaja ao Brasil cerca de três vezes ao ano.
Desraizado de escolas, de movimentos e de formas, Flemming é um eterno andarilho. Rompe com o mito modernista da originalidade absoluta e da narrativa de progresso, por meio de desconstruções e reconstruções, afinal, o artista representa um corpo coletivo de culturas. Transita da pintura à fotografia, do objeto ao texto, assim como, a multiplicidade simbólica se apresenta na era moderna. Ele não se acanha em utilizar técnicas mistas e repetidas, dentro de um jogo de combinações infinitas, para assim, sempre produzir o diferente e criativo, ou seja, todas as suas obras se tornam únicas.
É evidente que o artista encara a pintura como um infindável exercício de paixão e obsessão, sendo que seus temas se relacionam à vida, ao corpo, à sexualidade, à morte e à espiritualidade. Também exalta o cotidiano com riqueza em ambigüidades e de forma desmitificadora da urbanização selvagem como em sua obra pública na Estação do Sumaré, que é composta de 22 imagens de retratos anônimos como carteiras de identidades ou como nos passaportes com 22 poemas que vão desde Anchieta até Haroldo de Campos, que formam 200 metros de identidade híbrida sob o olhar da multidão, que pode interpretar e interagir de forma diferente em cada viagem que realizar no Metrô.
Sua arte deseja negar a inércia profunda em que repousam todos os objetos e quer deter o fluxo do tempo para evitar a extinção da matéria, sempre contando com a participação do público. Considera que a arte vem da alma do artista, a partir da sua vivência, mas cada um está livre para decifrar, expressar sua individualidade e sua experiência perante à arte. Mesmo sem ideologia definida e com uma arte desterritorializada, por ser um cidadão do mundo, Flemming atinge a essência do homem para que a partir de mudanças subjetivas e pessoais, o indivíduo possa iniciar transformações para renovar qualitativamente a sociedade.

Post by: Bráulio Menezes

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Arte de agora - Publicado por Jane Selma

Sandra Cinto

Sandra Cinto (Santo André SP 1968). Escultora, desenhista, pintora, gravadora e professora. Forma-se em educação artística nas Faculdades Integradas Teresa D'Ávila - Fatea, em Santo André, em 1990. Atua no Laboratório de Estudos e Criação na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP. Em 2002 cria o troféu para o Prêmio Multicultural Estadão, realizado em São Paulo.
Sandra Cinto inicia sua trajetória na década de 1990, realizando representações de céus e nuvens, contidas em caixas e armários, como em Retábulo (1995). Para a crítica Lisette Lagnado, a artista cria imagens fantásticas, que apresentam afinidade com o trabalho do pintor belga René Magritte (1898-1967). Em seus desenhos, que se destacam, sobretudo, por ampliarem-se para suportes combinados de maneira pouco previsível são freqüentes escadas, pontes, abismos, candelabros, velas acesas e árvores sem folhas e frutos. Sandra Cinto apropria-se freqüentemente de fotografias, por vezes retratos seus de infância ou atuais, que são associadas a outros objetos, como esculturas de madeira que simulam livros ou camas. Como observa o historiador da arte Tadeu Chiarelli, todos esses suportes ou elementos formam um ponto de encontro e difusão de infinitas narrativas, jamais concluídas, e comumente se configuram como soluções concebidas para espaços específicos. A artista traz para sua produção a desestruturação de certos conceitos formalistas, sobretudo aquele voltado para a busca das especificidades de linguagens, aliando em seus trabalhos procedimentos diversos, como o desenho, a escultura e a fotografia. Como aponta ainda Chiarelli, em sua produção há obras em que sonho e realidade parecem coexistir em silenciosa e contraditória harmonia.

Em 2005, recebeu o Prêmio Residência, Civitella Ranieri Foundation, Umbertide, Itália. Vem expondo sua obra em todo o mundo ao longo dos últimos anos. Possui obras no acervo da Fundação Arco. Esteve presente na XXIV Bienal de São Paulo, 1998. Atua também como professora universitária e orientadora de grupos de estudo de artistas jovens no espaço Ateliê Fidalga, em São Paulo.

Da série Noites de esperança, 2005.



Geração 80 - Postado por Jane Selma

Beatriz Milhazes

Beatriz Ferreira Milhazes (Rio de Janeiro RJ 1960). Pintora, gravadora, ilustradora, professora. Formada em comunicação social pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro em 1981, inicia-se em artes plásticas ao ingressar na Escola de Artes Visuais do Parque Lage - EAV/Parque Lage em 1980, onde mais tarde leciona e coordena atividades culturais. Além da pintura dedica-se também a gravura, e a ilustração. De 1995 à 1996 cursa gravura em metal e linóleo no Atelier 78, com Solange Oliveira e Valério Rodrigues e em 1997 ilustra o livro As Mil e Uma Noites à Luz do Dia: Sherazade Conta Histórias Árabes, de Katia Canton. Beatriz Milhazes faz parte das exposições que caracterizam a Geração 80, grupo de artistas que buscam retomar a pintura em contraposição à vertente conceitual dos anos 1970, e tem por característica a pesquisa de novas técnicas e materiais. Sua obra faz referências ao barroco, à obra de Tarsila do Amaral (1886-1973) e Burle Marx (1909-1994), à padrões ornamentais e à art deco, entre outras. Entre 1997 e 1998, é artista visitante em várias universidades dos Estados Unidos. A partir dos anos 1990, destaca-se em mostras internacionais nos Estados Unidos e Europa e integra acervos de museus como o MoMa, Guggenheim e Metropolitan em Nova York.




Fonte: Itaú Cultural

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Os Gêmeos - Arte Contemporâneo do Brasil



postado no blog por Hadna Abreu


Otávio e Gustavo começaram a grafitar no final dos anos 80 , no bairro do Cambuci (zona sul de São Paulo), onde nasceram. Eles militavam no movimento hip hop, quando este alcançava o auge no Brasil. Além de grafitar, a dupla percorria a cidade fazendo apresentações de break (modalidade de dança de rua que, juntamente com o rap e o próprio grafite, são marcas do movimento nascido nos EUA, na década de 70). "A gente frequentava a Estação São Bento (do Metrô), que na época era o ´point´ dos caras que curtiam hip hop", conta Gustavo.


Os irmãos fazem questão de deixar claro, contudo, que, do final dos anos 80 para cá, apesar de continuarem a participar de eventos ligados ao hip hop, seu vínculo com o movimento mudou radicalmente. "A gente conhece bastante a cultura, teve uma ligação forte. Então, de vez em quando, acontece um convite assim. Mas, hoje em dia, nosso trabalho não tem nada a ver mais com o hip hop".




"Grafite x pichação"

Um olhar um pouco mais atento permite concluir que o grafite feito hoje por Otávio e Gustavo mantém poucas semelhanças com aquele que ainda dá sinais de beber da fonte dos precursores : os "manos" afro-americanos que se criaram no Bronx. Essas diferenças entre estilos costumam vir à baila na sempre revigorada polêmica "grafite x pichação". Controvérsia na qual Os Gêmeos preferem não jogar lenha. "A gente já não aguenta mais responder perguntas do tipo ´qual a diferença entre grafite e pichação?´ Isso não importa", dispara Gustavo.


O nível de elaboração e a riqueza de detalhes dos murais grafitados pelos gêmeos vêm, segundo eles, de uma obsessão pela prática do desenho. Eles contam que nunca fizeram um curso. O estudo, ainda hoje, acontece em casa. "A gente sempre estudou, desde pequeno: desenho, desenho, desenho".

Fino traço

Foi justamente essa aplicação que ajudou a forjar o estilo de Os Gêmeos. Para eles, as principais características de seu trabalho vêm da maneira como o desenho é feito: "O jeito de a gente usar o spray, a linha, o contorno...", explica Gustavo. "A gente faz fininho -- isso também é estilo nosso".

A preocupação com detalhes fica evidente também na criação dos trajes de seus personagens."A estampa das roupas também é uma característica que a gente tem". Os personagens, mostrados em situações que ora parecem saídas de sonho, ora da dura realidade brasileira, são todos revestidos de um lirismo sem paralelo nesse tipo de manifestação artística.

"O que a gente quer, o jeito como filtra as informações, a gente coloca através dos personagens".

Quando o assunto se aprofunda na questão das influências artísticas, ambos preferem não citar nomes. "Acho que começam com a arte brasileira, a cultura popular brasileira", revela Otávio, "e vão até tudo o que a gente sonha, vê, sente, ouve".

Filme para Nike

A visibilidade alcançada pelo trabalho da dupla, presente em muros ao redor do planeta, acabou rendendo-lhe convites como o da Nike. Otávio e Gustavo foram contratados para fazer a parte gráfica do documentário patrocinado e co-produzido (juntamente com a O2 Filmes) pela fabricante de materia
is esportivos.

"Ginga - A Alma do Futebol Brasileiro" teve direção de Hank Levine, Marcelo Machado e Tocha Alves e produção-executiva a cargo do cineasta Fernando Meirelles. O lançamento no Brasil aconteceu em abril último. "Convidaram a gente por ter esse estilo bem brasileiro de pintar", conta Otávio. "Fizemos as vinhetinhas e decoramos todas as peças passadas no filme".

Fernando Meirelles gostou tanto da experiência de trabalhar com Os Gêmeos, que os convidou para auxiliarem na produção das animações para a série televisiva da Rede Globo, Cidade dos Homens. "A gente fez a animação com ele. Foi um outro experimento", lembra Otávio . "A gente falou : vamos fazer uma brincadeira , vamos ver no que é que dá".

Ainda por conta do trabalho para a Nike, Otávio e Gustavo passaram quatro meses viajando por cidades de sete países. Eles contam que a proposta da turnê - batizada de Brasil - era fazer uma festa brasileira em cada local visitado. Em cada cidade, acontecia uma exposição com o trabalho dos grafiteiros e a exibição do filme Ginga. "Eles precisavam de artistas que representassem a nossa cultura através das artes plásticas ou das artes visuais", explica Gustavo.

Outros suportes

Foi entre uma viagem e outra que surgiu a proposta de desenhar um tênis especial para a marca. Os calçados, produzidos em edição limitada e lançados apenas nas cidades visitadas durante o tour organizado pela Nike, tiveram a parte traseira, a língua e a palmilha ilustradas pelos grafiteiros.

Sobre o convite que os traz agora a São Paulo quem fala é Gustavo: "Veio da Márcia e da Alessandra (Márcia Fortes e Alessandra Ragazzo d´Aloia, sócias-fundadoras da galeria). Elas já conheciam o nosso trabalho e o que a gente fez em Nova York também", continua, referindo-se à estréia deles no circuito formal de arte contemporânea, com uma grande exposição na Deitch Projects Gallery (que representa Keith Haring e Jean-Michel Basquiat, artistas que também alcançaram fama usando o grafite como linguagem). "Acho que acabou rolando assim: ´Pô, como os caras são de São Paulo e nunca fizeram nada aqui? Vamos fazer, meu, tá na hora de fazer", acredita Otávio.

Embora a paixão pela atividade nas ruas não tenha arrefecido, os rapazes não escondem a empolgação com a nova empreitada. Sobretudo, segundo contam, pela miríade de possibilidades implicadas em mostrar seu trabalho em uma galeria, fazendo uso de um espaço que, nas palavras de Otávio, "pode ser transformado em 100%". "Você pode ter um trabalho tridimensional, pode ter luz, música, pode ter objeto, você pode fazer uma coisa se movimentar".

Grafite, só lá fora

Mas é quase em uníssono que Os Gêmeos dizem que o que eles vão exibir nas dependências da Fortes Vilaça não é grafite. "Aqui dentro é arte, arte contemporânea", esclarecem.

Quem não tiver a oportunidade de estar em São Paulo para ver a exposição d´Os Gêmeos, nem puder explorar a cidade para descobrir a marca deles impressa nos muros, há outras alternativas para conhecer um pouco mais da arte desses paulistanos. Uma delas é folhear o livro inglês Graffiti Brasil (Org.: Tristan Manco, Caleb Neelon, Ignácio Aronovich e Louise Chin - Ed. Thames & Hudson).

Outra opção é visitar o site Flickr, onde fãs dos irmãos espalhados pelo mundo (fotógrafos amadores e profissionais) publicam imagens de instalações e muros grafitados pela dupla de artistas quando em passagem por suas cidades . O endereço é :
http://www.flickr.com/groups/osgemeos/ .


No Rio e em POA

Antes de viajar para a Alemanha, onde estarão envolvidos com novos projetos, Os Gêmeos farão a curadoria do evento Identidade de Rua (organizado pela ONG gaúcha Instituto Trocando Idéia Tecnologia Social), cuja terceira edição deve acontecer em setembro, no Rio de Janeiro.
Em novembro do ano passado, como parte do projeto, Os Gêmeos, juntamente com outros conhecidos grafiteiros da cena nacional , pintaram vagões do Metrô da Trensurb ( Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre).

Leonilson - GERAÇÃO DE 80

por Hadna Abreu

Nascido em Fortaleza, Ceará, em primeiro de março de 1957, e falecido em 28 de maio de 1993, em São Paulo, Leonilson é um dos mais destacados artistas de sua geração. Tendo participado de bienais em Paris, São Paulo e Istambul, já teve mostra no MoMA, de Nova York, além de várias outras instituções e galerias internacionais e nacionais, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte.



O artista já teve dois livros publicados: "Leonilson: são tantas as verdades", editado pelo SESI, e "Leonilson: use, é lindo, eu garanto", com ilustrações que o artista realizou para a Folha de S.Paulo. Leonilson também é tema de um premiado vídeo de Karen Harley, realizado pela RioArte: "Leonilson: Com o oceano inteiro para nadar".





A produção do artista, tido como expoente emblemático da chamada "Geração 80", se estende sobre um curto período (de 1983 a 1993), mas consegue mesmo assim merecer o atributo de "obra fechada". De fato, esta carreira, interrompida em decorrência da Aids, afirma um conteúdo unívoco. Símbolos recorrentes caracterizam a linguagem do artista: pedras, vulcões, montanhas, intrumentos musicais, o fogo e a cruz, órgãos, água, espiral e pontos cardeais. Estes somam-se ao uso da palavra (em composições de valor gráfico e poético) para singularizar o universo de Leonilson.

Aclamado por suas pinturas de forte colorido e grandes formatos, Leonilson foi, contudo, exímio desenhista, lançando mão de espaços reduzidos e de uma economia de traços e de cores. O artista exerceu esta atividade de forma constante, mas o mercado, no seu habitual desinteresse pela produção sobre papel, não soube levar ao público.

Leonilson deixou também cerca de 100 "bordados" (objetos de panos costurados, com inscrições pungentes sobre a questão da incomunicabilidade, da solidão e da doença) e inúmeros projetos para instalações.

No contexto brasileiro, nenhum artista de sua geração teve a coragem de enfrentar temas referentes ao romantismo em pleno final do século 20. Por conseguinte, o testemunho de Leonilson, carregado de significados autobiográficos, é uma contribuição que transcende meras discussões formais para expor os problemas da modulação existencial do espírito de seu tempo.

domingo, 18 de julho de 2010

Vik Muniz

Por Antony Franco (Artista Visual):


“Na arte a busca de externar o desejado é uma busca de conhecimento e imaginação.” (A.F)

Vik Muniz- um artista que prova e aprova a significância criativa da arte que constrói, revela as inúmeras alternativas para explorar o que pretende. São materiais do cotidiano utilizados a partir de um olhar artístico do artista, onde o observador é agente importantíssimo na concretização do trabalho, chega a revelar que qualquer um é capaz de fazer o que ele faz, pensei nisso por um instante, porém, ele próprio diz ter sido o único a fazer tudo isso na mesma ordem e proporção. Verdade!

"Eu acredito num projeto realista, no qual o ilusório caracteriza o real através de suas ferramentas e artifícios.” (Vik Muniz)



Reconhecido internacionalmente como o mais importante e valorizado artista plástico contemporâneo brasileiro, Vik Muniz se destaca também pela reflexão teórica que desenvolve sobre a fotografia, meio e suporte de seus trabalhos. Nascido em São Paulo em 1961, ele já declarou que demorou muitos anos para “fazer sucesso da noite para o dia”: iniciou a carreira na década de 1970, mudou-se para Nova York em 1983 – após levar um tiro acidental, num episódio que ganhou contornos de lenda - mas somente em 1995 atraiu a atenção da mídia, com a série Crianças de Açúcar. Hoje suas fotografias integram os acervos dos mais importantes museus do mundo, e sua última retrospectiva no Brasil – no MAM-RJ e no MASP, em 2009 - recebeu mais de 100 mil visitantes. São imagens que, construídas com materiais “pobres” e inusitados – chocolate, brinquedos, sucata, poeira – promovem uma revisão constante da História da Arte, de Dürer a Andy Warhol, provocando um estranhamento capaz de agradar aos mais diferentes olhares.

Che Guevara de feijão


Medusa Marinara, 1999

Retirado da coluna do site G1:

Você usa de maneira original diversos materiais e informações, mas ao mesmo tempo passa a ideia de um controle absoluto sobre o resultado. Num momento em que a técnica muitas vezes é posta em segundo plano, que importância você atribui ao domínio da linguagem, dos materiais e da expressão?
VIK: A técnica, o controle, já tiveram lugar mais importante no meu processo de trabalho. Depois de mais de 20 anos de carreira, eu vejo a coisa mais ou menos assim: quando o artista é jovem, ele possui uma necessidade imensa de mostrar para o mundo quem ele é, seu intelecto, sua cultura, criatividade, talento e destreza manual. O artista jovem quer mostrar ao mundo que, em meio a tantos outros artistas jovens, ele é o melhor, um candidato a um lugar de destaque na história e na memória popular. À medida que o tempo vai passando, e este artista jovem vai testando seus talentos com certo sucesso em meio a um publico especializado, ele começa a entender que mesmo um grande cérebro é sempre um grande “um”, e que o segredo da continuidade evolutiva de seu trabalho reside em uma aprendizagem fria e desapegada de como analisar a opinião publica. Para mim esse momento marca a minha maturidade intelectual; saber que estou sempre fazendo a metade do trabalho, e que o resto quem faz é o publico. Reconhecer isso requer uma certa humildade, que os jovens não possuem. A partir dai você começa escutar o mundo à sua volta, as conversas no quiosque, as crianças, seus assistentes, os colecionadores, os guardas do museu. Ao contrario de antes, o mundo passa a refletir o seu trabalho. Isso gera uma satisfação indescritível e uma responsabilidade avassaladora. É desse momento, quando qualquer pessoa pode entrar em seu estúdio e fazer algo que você faz, é dessa vulnerabilidade que eu tiro proveito para tecer conceitos mais sutis, mais independentes. Eu não consigo mais me enganar com a ideia que ninguém é capaz de fazer o que faço, mas sei ter sido o único capaz de ter feito o que fiz na mesma ordem e proporção.

Você se considera um artista pós-moderno, no sentido de realizar uma reciclagem de questões da História da Arte? Independente da resposta, o que significa para você o pós-modernismo? E o que pensa da tese do “fim da história da arte”?

VIK: Se todo mundo continuar querendo escrever o parágrafo final da História da arte, a gente ainda vai ter História por mais 5 mil anos. A História moderna foi criada com o objetivo de contextualizar o presente dentro de uma ordem pré-estabelecida de eventos, na qual o presente parecia mais ser uma conseqüência do futuro que do passado. A derrota das utopias e do pensamento idealista só implicam o fim de um tipo especifico de se apresentar a História. O presente intenso e multiplicado parece convergir diversos passados, sem nunca apontar para um futuro preciso. É impossível não se inspirar no caos temporal do mundo contemporâneo. Um mundo de memórias instantâneas, onde gerações diferentes escutam as mesmas playlists, curtem os mesmos filmes e leem os mesmos textos. A total disponibilidade da memória sensorial faz com que o passado seja uma parte constante do nosso presente. Nenhum projeto realista estaria completo sem dar uma atenção especial a essa confusão, a essa complexidade incrível de como o presente é continuamente permeado pelo passado no nosso dia-a-dia.

Abertura da novela Passione, 2010



Diamond Divas
Referencia: