domingo, 25 de julho de 2010
Bruno Pacheco de Carvalho (Rio de Janeiro RJ 1978). Videoartista, jornalista e editor. É formado em comunicação social pela PUC/RJ, Rio de Janeiro. Freqüenta, entre 1995 e 2000, cursos teóricos de pintura, videoarte e videoinstalação, na EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro, com os professores Adriana Varella, Suzi Coralli, Anna Bella Geiger e Fernando Cocchiarale. Realiza vídeos e videoinstalações nas quais o espectador, investido de sua realidade corpórea, percebe-se em um espaço em que disputa ou confronta-se com a imagem copiada. Submetendo o espectador a estímulos sensoriais além do sentido da visão, inverte a direção da sensibilidade contemporânea, na qual o acesso à informação se dá quase exclusivamente pelo olho, e o corpo fica anestesiado ou se torna obsoleto em um universo tecnológico saturado de imagens. Apresenta a videoinstalação e o texto 2HS, em parceria com Julio Rodrigues, no 14th International Congress of Aesthetics - Aesthetics as Philosophy, Eslovênia, 1998.
Post By: Bráulio Menezes
Oiticica, Hélio (1937 - 1980)
Biografia
Hélio Oiticica (Rio de Janeiro RJ 1937 - idem 1980). Artista performático, pintor e escultor. Inicia, com o irmão César Oiticica, estudos de pintura e desenho com Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ, em 1954. Nesse ano, escreve seu primeiro texto sobre artes plásticas; a partir daí o registro escrito de reflexões sobre arte e sua produção torna-se um hábito. Participa do Grupo Frente em 1955 e 1956 e, em 1959, passa a integrar o Grupo Neoconcreto. Abandona os trabalhos bidimensionais e cria relevos espaciais, bólides, capas, estandartes, tendas e penetráveis. Em 1964, começa a fazer as chamadas Manifestações Ambientais. Na abertura da mostra Opinião 65, no MAM/RJ, protesta quando seus amigos integrantes da escola de samba Mangueira são impedidos de entrar, e é expulso do museu. Realiza, então, uma manifestação coletiva em frente ao museu, na qual os Parangolés são vestidos pelos amigos sambistas. Participa das mostras Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, apresentando, nesta última, a manifestação ambiental Tropicália. Em 1968, realiza no Aterro do Flamengo a manifestação coletiva Apocalipopótese, da qual fazem parte seus Parangolés e os Ovos, de Lygia Pape. Em 1969, realiza na Whitechapel Gallery, em Londres, o que chama de Whitechapel Experience, apresentando o projeto Éden. Vive em Nova York na maior parte da década de 1970, período no qual é bolsista da Fundação Guggenheim e participa da mostra Information, no Museum of Modern Art - MoMA. Retorna ao Brasil em 1978. Após seu falecimento, é criado, em 1981, no Rio de Janeiro o Projeto Hélio Oiticica, destinado a preservar, analisar e divulgar sua obra, dirigido por Lygia Pape, Luciano Figueiredo e Waly Salomão. Entre 1992 e 1997, o Projeto HO realiza grande mostra retrospectiva, que é apresentada nas cidades de Roterdã, Paris, Barcelona, Lisboa, Mineápolis e Rio de Janeiro. Em 1996, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro funda o Centro de Artes Hélio Oiticica, para abrigar todo o acervo do artista e colocá-lo à disposição do público. Em 2009 um incêndio na residência de César Oiticica, destrói parte do acervo de Hélio Oiticica.
Post By: Bráulio Menezes
Alex Flemming Geração 80
Como afirma Tereza de Arruda ao comentar a antologia da obra de Flemming ocurrida em 2001, no Centro Cultural do Banco do Brasil: “A vida há de ser celebrada, bem como a morte, pois ambas seguem lado a lado”. Este é o mote da criação de Flemming que sempre homenageia a vida, mas sem nunca esquecer que a morte é o germe da vida.
Filho de um aviador e de aeromoça, mesmo nascido em São Paulo, sua formação é universalista, pois passou a infância viajando pelo mundo, entre tais andanças morou na Flórida e em Lisboa. Formado em cinema pela Fundação Armando Álvares Penteado (1972-1974), Alex Flemming surgiu no meio artístico nos anos 70, no campo das gravuras sobre o cotidiano e contestação sócio-política.Até então, teve como influência os professores-artistas da FAAP Rodomildo Paiva, Regina Silveira e Júlio Plaza. Percebe-se, desde já, que o humano é a razão de ser da obra de Flemming. O artista dedica toda a sua pesquisa a conflitos sociais e paixões humanas. Iniciou intensa dedicação a pintura a partir de 1981, quando ganhou bolsa de estudos da Fundação Fullbright e cursou o Pratt Institute de Nova Iorque. Atuou como professor da Kunstakademie de Oslo, Noruega, entre 1993 e 1994. Expôs no Brasil e exterior, destacando-se nos XII (1980), XIV (1983), XV (1984) e XX (1989) Panoramas de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna, MAM/SP; e nas XVI (1981), XVII (1983) e XXI (1991) Bienais Internacionais de São Paulo. Atualmente, mora em Berlim, na Alemanha, mas viaja ao Brasil cerca de três vezes ao ano.
Desraizado de escolas, de movimentos e de formas, Flemming é um eterno andarilho. Rompe com o mito modernista da originalidade absoluta e da narrativa de progresso, por meio de desconstruções e reconstruções, afinal, o artista representa um corpo coletivo de culturas. Transita da pintura à fotografia, do objeto ao texto, assim como, a multiplicidade simbólica se apresenta na era moderna. Ele não se acanha em utilizar técnicas mistas e repetidas, dentro de um jogo de combinações infinitas, para assim, sempre produzir o diferente e criativo, ou seja, todas as suas obras se tornam únicas.
É evidente que o artista encara a pintura como um infindável exercício de paixão e obsessão, sendo que seus temas se relacionam à vida, ao corpo, à sexualidade, à morte e à espiritualidade. Também exalta o cotidiano com riqueza em ambigüidades e de forma desmitificadora da urbanização selvagem como em sua obra pública na Estação do Sumaré, que é composta de 22 imagens de retratos anônimos como carteiras de identidades ou como nos passaportes com 22 poemas que vão desde Anchieta até Haroldo de Campos, que formam 200 metros de identidade híbrida sob o olhar da multidão, que pode interpretar e interagir de forma diferente em cada viagem que realizar no Metrô.
Sua arte deseja negar a inércia profunda em que repousam todos os objetos e quer deter o fluxo do tempo para evitar a extinção da matéria, sempre contando com a participação do público. Considera que a arte vem da alma do artista, a partir da sua vivência, mas cada um está livre para decifrar, expressar sua individualidade e sua experiência perante à arte. Mesmo sem ideologia definida e com uma arte desterritorializada, por ser um cidadão do mundo, Flemming atinge a essência do homem para que a partir de mudanças subjetivas e pessoais, o indivíduo possa iniciar transformações para renovar qualitativamente a sociedade.
Post by: Bráulio Menezes
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Arte de agora - Publicado por Jane Selma
Em 2005, recebeu o Prêmio Residência, Civitella Ranieri Foundation, Umbertide, Itália. Vem expondo sua obra em todo o mundo ao longo dos últimos anos. Possui obras no acervo da Fundação Arco. Esteve presente na XXIV Bienal de São Paulo, 1998. Atua também como professora universitária e orientadora de grupos de estudo de artistas jovens no espaço Ateliê Fidalga, em São Paulo.
Geração 80 - Postado por Jane Selma
Fonte: Itaú Cultural
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Os Gêmeos - Arte Contemporâneo do Brasil
Otávio e Gustavo começaram a grafitar no final dos anos 80 , no bairro do Cambuci (zona sul de São Paulo), onde nasceram. Eles militavam no movimento hip hop, quando este alcançava o auge no Brasil. Além de grafitar, a dupla percorria a cidade fazendo apresentações de break (modalidade de dança de rua que, juntamente com o rap e o próprio grafite, são marcas do movimento nascido nos EUA, na década de 70). "A gente frequentava a Estação São Bento (do Metrô), que na época era o ´point´ dos caras que curtiam hip hop", conta Gustavo.
Os irmãos fazem questão de deixar claro, contudo, que, do final dos anos 80 para cá, apesar de continuarem a participar de eventos ligados ao hip hop, seu vínculo com o movimento mudou radicalmente. "A gente conhece bastante a cultura, teve uma ligação forte. Então, de vez em quando, acontece um convite assim. Mas, hoje em dia, nosso trabalho não tem nada a ver mais com o hip hop".
O nível de elaboração e a riqueza de detalhes dos murais grafitados pelos gêmeos vêm, segundo eles, de uma obsessão pela prática do desenho. Eles contam que nunca fizeram um curso. O estudo, ainda hoje, acontece em casa. "A gente sempre estudou, desde pequeno: desenho, desenho, desenho".
Fino traço
Foi justamente essa aplicação que ajudou a forjar o estilo de Os Gêmeos. Para eles, as principais características de seu trabalho vêm da maneira como o desenho é feito: "O jeito de a gente usar o spray, a linha, o contorno...", explica Gustavo. "A gente faz fininho -- isso também é estilo nosso".
A preocupação com detalhes fica evidente também na criação dos trajes de seus personagens."A estampa das roupas também é uma característica que a gente tem". Os personagens, mostrados em situações que ora parecem saídas de sonho, ora da dura realidade brasileira, são todos revestidos de um lirismo sem paralelo nesse tipo de manifestação artística.
"O que a gente quer, o jeito como filtra as informações, a gente coloca através dos personagens".
Quando o assunto se aprofunda na questão das influências artísticas, ambos preferem não citar nomes. "Acho que começam com a arte brasileira, a cultura popular brasileira", revela Otávio, "e vão até tudo o que a gente sonha, vê, sente, ouve".
Filme para Nike
A visibilidade alcançada pelo trabalho da dupla, presente em muros ao redor do planeta, acabou rendendo-lhe convites como o da Nike. Otávio e Gustavo foram contratados para fazer a parte gráfica do documentário patrocinado e co-produzido (juntamente com a O2 Filmes) pela fabricante de materiais esportivos.
"Ginga - A Alma do Futebol Brasileiro" teve direção de Hank Levine, Marcelo Machado e Tocha Alves e produção-executiva a cargo do cineasta Fernando Meirelles. O lançamento no Brasil aconteceu em abril último. "Convidaram a gente por ter esse estilo bem brasileiro de pintar", conta Otávio. "Fizemos as vinhetinhas e decoramos todas as peças passadas no filme".
Fernando Meirelles gostou tanto da experiência de trabalhar com Os Gêmeos, que os convidou para auxiliarem na produção das animações para a série televisiva da Rede Globo, Cidade dos Homens. "A gente fez a animação com ele. Foi um outro experimento", lembra Otávio . "A gente falou : vamos fazer uma brincadeira , vamos ver no que é que dá".
Ainda por conta do trabalho para a Nike, Otávio e Gustavo passaram quatro meses viajando por cidades de sete países. Eles contam que a proposta da turnê - batizada de Brasil - era fazer uma festa brasileira em cada local visitado. Em cada cidade, acontecia uma exposição com o trabalho dos grafiteiros e a exibição do filme Ginga. "Eles precisavam de artistas que representassem a nossa cultura através das artes plásticas ou das artes visuais", explica Gustavo.
Outros suportes
Foi entre uma viagem e outra que surgiu a proposta de desenhar um tênis especial para a marca. Os calçados, produzidos em edição limitada e lançados apenas nas cidades visitadas durante o tour organizado pela Nike, tiveram a parte traseira, a língua e a palmilha ilustradas pelos grafiteiros.
Sobre o convite que os traz agora a São Paulo quem fala é Gustavo: "Veio da Márcia e da Alessandra (Márcia Fortes e Alessandra Ragazzo d´Aloia, sócias-fundadoras da galeria). Elas já conheciam o nosso trabalho e o que a gente fez em Nova York também", continua, referindo-se à estréia deles no circuito formal de arte contemporânea, com uma grande exposição na Deitch Projects Gallery (que representa Keith Haring e Jean-Michel Basquiat, artistas que também alcançaram fama usando o grafite como linguagem). "Acho que acabou rolando assim: ´Pô, como os caras são de São Paulo e nunca fizeram nada aqui? Vamos fazer, meu, tá na hora de fazer", acredita Otávio.
Embora a paixão pela atividade nas ruas não tenha arrefecido, os rapazes não escondem a empolgação com a nova empreitada. Sobretudo, segundo contam, pela miríade de possibilidades implicadas em mostrar seu trabalho em uma galeria, fazendo uso de um espaço que, nas palavras de Otávio, "pode ser transformado em 100%". "Você pode ter um trabalho tridimensional, pode ter luz, música, pode ter objeto, você pode fazer uma coisa se movimentar".
Grafite, só lá fora
Mas é quase em uníssono que Os Gêmeos dizem que o que eles vão exibir nas dependências da Fortes Vilaça não é grafite. "Aqui dentro é arte, arte contemporânea", esclarecem.
Quem não tiver a oportunidade de estar em São Paulo para ver a exposição d´Os Gêmeos, nem puder explorar a cidade para descobrir a marca deles impressa nos muros, há outras alternativas para conhecer um pouco mais da arte desses paulistanos. Uma delas é folhear o livro inglês Graffiti Brasil (Org.: Tristan Manco, Caleb Neelon, Ignácio Aronovich e Louise Chin - Ed. Thames & Hudson).
Outra opção é visitar o site Flickr, onde fãs dos irmãos espalhados pelo mundo (fotógrafos amadores e profissionais) publicam imagens de instalações e muros grafitados pela dupla de artistas quando em passagem por suas cidades . O endereço é :http://www.flickr.com/groups/osgemeos/ .
No Rio e em POA
Antes de viajar para a Alemanha, onde estarão envolvidos com novos projetos, Os Gêmeos farão a curadoria do evento Identidade de Rua (organizado pela ONG gaúcha Instituto Trocando Idéia Tecnologia Social), cuja terceira edição deve acontecer em setembro, no Rio de Janeiro.
Em novembro do ano passado, como parte do projeto, Os Gêmeos, juntamente com outros conhecidos grafiteiros da cena nacional , pintaram vagões do Metrô da Trensurb ( Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre).
Leonilson - GERAÇÃO DE 80
por Hadna Abreu
Nascido em Fortaleza, Ceará, em primeiro de março de 1957, e falecido em 28 de maio de 1993, em São Paulo, Leonilson é um dos mais destacados artistas de sua geração. Tendo participado de bienais em Paris, São Paulo e Istambul, já teve mostra no MoMA, de Nova York, além de várias outras instituções e galerias internacionais e nacionais, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte.
O artista já teve dois livros publicados: "Leonilson: são tantas as verdades", editado pelo SESI, e "Leonilson: use, é lindo, eu garanto", com ilustrações que o artista realizou para a Folha de S.Paulo. Leonilson também é tema de um premiado vídeo de Karen Harley, realizado pela RioArte: "Leonilson: Com o oceano inteiro para nadar".
| A produção do artista, tido como expoente emblemático da chamada "Geração 80", se estende sobre um curto período (de 1983 a 1993), mas consegue mesmo assim merecer o atributo de "obra fechada". De fato, esta carreira, interrompida em decorrência da Aids, afirma um conteúdo unívoco. Símbolos recorrentes caracterizam a linguagem do artista: pedras, vulcões, montanhas, intrumentos musicais, o fogo e a cruz, órgãos, água, espiral e pontos cardeais. Estes somam-se ao uso da palavra (em composições de valor gráfico e poético) para singularizar o universo de Leonilson. Aclamado por suas pinturas de forte colorido e grandes formatos, Leonilson foi, contudo, exímio desenhista, lançando mão de espaços reduzidos e de uma economia de traços e de cores. O artista exerceu esta atividade de forma constante, mas o mercado, no seu habitual desinteresse pela produção sobre papel, não soube levar ao público. Leonilson deixou também cerca de 100 "bordados" (objetos de panos costurados, com inscrições pungentes sobre a questão da incomunicabilidade, da solidão e da doença) e inúmeros projetos para instalações. No contexto brasileiro, nenhum artista de sua geração teve a coragem de enfrentar temas referentes ao romantismo em pleno final do século 20. Por conseguinte, o testemunho de Leonilson, carregado de significados autobiográficos, é uma contribuição que transcende meras discussões formais para expor os problemas da modulação existencial do espírito de seu tempo. |